segunda-feira, 21 de maio de 2012

A minha conclusão sobre a manifestação da Unita: Tarde e má hora. – Pedrowski Teca.


Com a merecida vénia, parabenizo a União Nacional de Libertação Total de Angola (UNITA), pela brilhante e plausível manifestação decorrida no passado Sábado, 19 de Maio de 2012; Uma manifestação a que caracterizo como a segunda maior manifestação do tempo pós-conflicto armado em Angola, em termos de mobilização e organização dos seus militantes, amigos e simpatizantes.


Considero-a como a segunda maior (eu não disse “melhor”) manifestação porque a primeira, foi a dita “manifestação da vergonha” do glorioso Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), aos 5 de Março de 2011.

Outrora, em uma análise, alguém questionou que quê regime ditatorial seria o MPLA se não conseguisse, por argumentação ou coação e intimidação, mobilizar os milhões que participaram da sua “manifestação da vergonha” em 2011? Não seria ditadura porque por norma até o santíssimo líder que um dia sonhou ser o presidente do continente africano, o malogrado Mohammar Gaddafi, durante a revolta que resultou na sua morte, aparecia na “sua televisão” endereçando discursos a uma multidão de seus supostos apoiantes mobilizados com métodos assustadores. Ademais, os Hitlers, Ben Alis, Mubaracks e os Hugo Chaves deste mundo, tidos, achados e não achados como ditadores, facilmente mobilizavam e mobilizam as massas num piscar de dedos.

De volta ao assunto, a análise se a Unita, um partido “forjado e calejado por décadas de guerras”, é ou não um partido ditador, é tema para outra ocasião, mas a questão que eu gostaria de colocar agora é: Quê maior partido político da oposição angolana seria a União Nacional de Libertação Total de Angola (Unita), se não conseguisse mobilizar os seus militantes para uma manifestação que como eu disse na análise anterior, comprovaria que “o Galo Negro deixou de ser uma ameaça para o MPLA”?

Que maior partido da oposição seria a Unita, se não conseguisse, pelos meios económicos e o nome que tem, influenciar, mesmo com discursos formados por argumentos pouco convincentes, os milhões que afluiram a manifestação do Sábado passado?

A resposta é simples: não seria o maior partido político da oposição “forjado e calejado por décadas de guerras” e, imparcialmente dou-lhes os meus parabéns por aquela fantástica mobilização, que por agora em diante, quando a Unita ameaçar manifestar-se, principalmente em casos de fraude eleitoral, o regime irá de certeza levá-los a sério.

Tarde e má hora 

Reitero o que disse na análise anterior: “os líderes, militantes, simpatizantes e amigos da Unita continuarão covardes porque finalmente e apenas abriram a boca numa manifestação que nem sequer mostrou-se como uma ameaça para o regime, mas que ao invés, teve a sua benção”.

Atenção, não me referi à Unita corajosa e aventureira de Jonas Malheiro Savimbi, mas considerei “covarde”, acrescento “ingrata” e que a sua manifestação veio “tarde e má hora”, a actual Unita liderada pelo cidadão Isaías N’gola Samakuva, pelos seguintes motivos:

1 – Se a actual Unita não fosse covarde, mobilizaria os seus militantes e desempenharia um papel importantíssimo na histórica e primeiríssima manifestação de 7 de Março de 2011;

2 – Se a actual Unita não fosse covarde, mobilizaria os seus membros e juntava-se as inúmeras e amargas manifestações realizadas pelos jovens corajosos e revolucionários, que por várias vezes extenderam-lhes o convite; A participação da Unita, com a tal gigantesca mobilização de massas, evitaria o sofrimento que muitos desses jovens passaram;

3 – Se a actual Unita não fosse um partido covarde, não temeria tomar a diantera nas manifestações realizadas em Angola, queira pela saída de Suzana Inglês (já irei neste ponto), pelas demolições sem adequadas indeminizações ou pelos professores e médicos que reclamam por salários condignos;

4 – Se a actual Unita não fosse covarde, não efectuaria manifestações de ensaio para medirem a pulsação repreensiva do regime antes de organizarem a tal mega manifestação;

5 – Ao invés de fazer o que eu citei acima, a Unita foi covarde por ter tomado uma posição de moderador e simples instigador nas manifestações supracitadas;

6 – A actual Unita foi ingrata porque esqueceu-se de reconhecer, no Sábado passado, o papel importatíssimo que os jovens revolucionários desempenharam desde o princípio de 2011, o que ajudou bastante na pacificação, mobilização e compreensão do regime para a realização e sucesso da manifestação do Sábado passado; Foram ingratos;

6 – Em suma, a manifestação da Unita veio “tarde e má hora” porque a Unita não se manifestou quando necessariamente devia se manifestar ao lado dos corajosos jovens revolucionários, tanto em Luanda, em Benguela, como noutras províncias e na diáspora;

CASO SUZANA INGLêS

Lamentavelmente observei que muitos, por omissão, ignorância ou bajulação, atribuiram solemente a victória da decisão do Tribunal Supremo no caso Suzana Inglês, à interveção da União Nacional de Libertação Total de Angola (Unita).

Se a tal decisão, a que eu chamei numa caricatura desenhada por mim de “tchuna ataque” à Suzana Inglês, deveu-se somente à intervenção da Unita, como explicar as duas manifestações sangrentas, para além das outras, onde os jovens foram brutalmente atacados com barras de ferro por exigirem a saída de Suzana Inglês na presidência da Comissão Nacional Eleitoral aos 10 de Março de 2012, tanto em Luanda, como em Benguela?

A verdadeira democratização de Angola apenas será possível se re-escrevermos a nossa história contemporânea e recente com factos e verdades sem omissões, medos ou favores de uma ou outra secção da Nação Angolana.

O QUE DIZER DOS PONTOS DA MINHA ANáLISE ANTERIOR?

1 - A Unita vai sair as ruas pacificamente;

- CONCRETIZOU-SE.

2 - A polícia vai proteger os militantes e amigos do Galo Negro como manda a lei;

- CONCRETIZOU-SE.

3 - O regime não vai utilizar as suas milícias para usarem picaretas e barras de ferros e reprimirem, partirem as cabeças e os braços dos militantes, simpatizantes e amigos da Unita;

- CONCRETIZOU-SE.

4 - Os líderes da Unita estarão presentes na manifestação tentando provar que perderam o medo, que tanto os acusaram de ter, de manifestarem-se publicamente contra o regime;

- CONCRETIZOU-SE.

5 - Muitos membros da Unita finalmente irão dar as caras e falar até demais;

- CONCRETIZOU-SE: O emocionado e reaccionário Makuta Nkondo disse durante a manifestação: “Não vou trair a Unita, nem o meu caro amigo Isaías Samakuva. Estou e estarei sempre com a Unita”. Isto foi uma pura bajulação ou culto de personalidade à Samakuva, impróprio para um evento que tinha outros objectivos traçados... QUE A HISTóRIA O JULGUE.

6 - A Unita vai enfatizar que é um partido forte, sem medo, que foi forjado por décadas de guerras;

- CONCRETIZOU-SE. Muitos membros da Unita, muito antes da manifestação relembraram-me disso em críticas à minha análise. No decorrer da manifestação de Sábado, o meu amigo Bernardo Van-Dúnem escreveu no meu mural no Facebook: “Meu amigo Pedrowski Teca... temos muito pra falar... mas enquanto... vou só mandar uma boca: NO TEMPO E NO ESPAçO A UNITA é FORTE”.

QUE DIZER DAS “Possíveis lições” DA ANáLISE ANTERIOR:

1 - O regime não reprimiu a manifestação da Unita, mas a garantiu de modo a dizer que o Galo Negro deixou de ser uma ameaça para o MPLA;

- CONCRETIZOU-SE;

2 – “A manifestação do Galo Negro será igualzinho ao do Movimento Expontâneo”;

- CONCRETIZOU-SE porque para uma manifestação que pretendia juntar milhões de angolanos da Unita e não só, notou-se um verdadeiro culto de personalidade à imagem constante do presidente da Unita em camisolas, chapéus, guarda-chuvas, etc, que indireitamente vangloriavam, não a causa mas o líder do Galo Negro; As roupas brancas inicialmente recomendadas para os manifestantes vestirem-se não foram vistas.

3 – “Os jovens manifestantes, que até agora sofrem na carne o bastão do regime, são mais perigosos e significantes para a democratização de Angola, do que o maior partido da oposição angolana”;

- VERDADE porque foram eles que, após inúmeras manifestações sangrentas, abriram o caminho para o sucesso da manifestação de Sábado; E acredito que não tarda por se esperar, o regime ainda vai se assustar, como não fez com a Unita, na próxima manifestação dos jovens apartidários;

4 – “Caso a polícia e as milícias tolerarem e protegerem a manifestação da Unita, o que não acontece com as manifestações dos jovens revolucionários, possivelmente poderá denotar uma harmonia e co-existência entre a Unita e o regime”;

- VERDADE OU MENTIRA?

5 – “A Unita será tida como parte dos poucos que têm o direito de se manifestarem livremente em Angola, ao contrário da juventude revolucionária que são excessivamente reprimidas e brutalmente agredidas”;

- CONCRETIZOU-SE;

6 – “Muitos dirão que comprovou-se os “mujimbos” de que o cidadão Isaías N’gola Samakuva foi realmente comprado e que está bem no fundo bolso do regime”;

- POR CONCRETIZAR-SE;

7 – “Finalmente, o regime gabar-se-á, principalmente nas vozes dos Josés Ribeiros, que realmente há democracia em Angola e que o direito as reuniões e manifestações são consagradas ou garantidas e respeitadas no país do pai banana”.

- POR CONCRETIZAR-SE;

Em gesto de conclusão, mais uma ver parabenizo a Unita neste cumprimento de um direito cívico consagrado na Constituição atípica da República de Angola, mas que neste caso foi uma actividade que aumentou muitos pontos políticos na Unita dentre a maioria politicamente inocente e subtraiu muitos pontos por parte de pessoas atentas que procuram de forma democrática e transparente ajudar Angola a concretizar-se numa verdadeira democracia.
“Depois de ver esta manifestação, só concluo que a guerra só está mesmo na cabeça do MPLA”; “Epah! Também viva a Unita,” – Pensamentos de Marcos Cipriano Nunda durante a manifestação da Unita.

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