Com
a merecida vénia, parabenizo a União Nacional de Libertação Total de Angola
(UNITA), pela brilhante e plausível manifestação decorrida no passado Sábado,
19 de Maio de 2012; Uma manifestação a que caracterizo como a segunda maior manifestação
do tempo pós-conflicto armado em Angola, em termos de mobilização e organização
dos seus militantes, amigos e simpatizantes.
Considero-a
como a segunda maior (eu não disse “melhor”) manifestação porque a primeira,
foi a dita “manifestação da vergonha” do glorioso Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), aos 5 de Março de 2011.
Outrora,
em uma análise, alguém questionou que quê regime ditatorial seria o MPLA se não
conseguisse, por argumentação ou coação e intimidação, mobilizar os milhões que
participaram da sua “manifestação da vergonha” em 2011? Não seria ditadura
porque por norma até o santíssimo líder que um dia sonhou ser o presidente do
continente africano, o malogrado Mohammar Gaddafi, durante a revolta que
resultou na sua morte, aparecia na “sua televisão” endereçando discursos a uma
multidão de seus supostos apoiantes mobilizados com métodos assustadores.
Ademais, os Hitlers, Ben Alis, Mubaracks e os Hugo Chaves deste mundo, tidos,
achados e não achados como ditadores, facilmente mobilizavam e mobilizam as
massas num piscar de dedos.
De
volta ao assunto, a análise se a Unita, um partido “forjado e calejado por
décadas de guerras”, é ou não um partido ditador, é tema para outra ocasião,
mas a questão que eu gostaria de colocar agora é: Quê maior partido político da
oposição angolana seria a União Nacional de Libertação Total de Angola (Unita),
se não conseguisse mobilizar os seus militantes para uma manifestação que como
eu disse na análise anterior, comprovaria que “o Galo Negro deixou de ser uma
ameaça para o MPLA”?
Que
maior partido da oposição seria a Unita, se não conseguisse, pelos meios
económicos e o nome que tem, influenciar, mesmo com discursos formados por
argumentos pouco convincentes, os milhões que afluiram a manifestação do Sábado
passado?
A
resposta é simples: não seria o maior partido político da oposição “forjado e
calejado por décadas de guerras” e, imparcialmente dou-lhes os meus parabéns
por aquela fantástica mobilização, que por agora em diante, quando a Unita
ameaçar manifestar-se, principalmente em casos de fraude eleitoral, o regime
irá de certeza levá-los a sério.
Tarde
e má hora
Reitero
o que disse na análise anterior: “os líderes, militantes, simpatizantes e
amigos da Unita continuarão covardes porque finalmente e apenas abriram a boca
numa manifestação que nem sequer mostrou-se como uma ameaça para o regime, mas
que ao invés, teve a sua benção”.
Atenção,
não me referi à Unita corajosa e aventureira de Jonas Malheiro Savimbi, mas
considerei “covarde”, acrescento “ingrata” e que a sua manifestação veio “tarde
e má hora”, a actual Unita liderada pelo cidadão Isaías N’gola Samakuva, pelos
seguintes motivos:
1 –
Se a actual Unita não fosse covarde, mobilizaria os seus militantes e
desempenharia um papel importantíssimo na histórica e primeiríssima
manifestação de 7 de Março de 2011;
2 –
Se a actual Unita não fosse covarde, mobilizaria os seus membros e juntava-se
as inúmeras e amargas manifestações realizadas pelos jovens corajosos e
revolucionários, que por várias vezes extenderam-lhes o convite; A participação
da Unita, com a tal gigantesca mobilização de massas, evitaria o sofrimento que
muitos desses jovens passaram;
3 –
Se a actual Unita não fosse um partido covarde, não temeria tomar a diantera
nas manifestações realizadas em Angola, queira pela saída de Suzana Inglês (já
irei neste ponto), pelas demolições sem adequadas indeminizações ou pelos
professores e médicos que reclamam por salários condignos;
4 –
Se a actual Unita não fosse covarde, não efectuaria manifestações de ensaio
para medirem a pulsação repreensiva do regime antes de organizarem a tal mega
manifestação;
5 –
Ao invés de fazer o que eu citei acima, a Unita foi covarde por ter tomado uma
posição de moderador e simples instigador nas manifestações supracitadas;
6 –
A actual Unita foi ingrata porque esqueceu-se de reconhecer, no Sábado passado,
o papel importatíssimo que os jovens revolucionários desempenharam desde o
princípio de 2011, o que ajudou bastante na pacificação, mobilização e
compreensão do regime para a realização e sucesso da manifestação do Sábado
passado; Foram ingratos;
6 –
Em suma, a manifestação da Unita veio “tarde e má hora” porque a Unita não se
manifestou quando necessariamente devia se manifestar ao lado dos corajosos
jovens revolucionários, tanto em Luanda, em Benguela, como noutras províncias e
na diáspora;
CASO
SUZANA INGLêS
Lamentavelmente
observei que muitos, por omissão, ignorância ou bajulação, atribuiram solemente
a victória da decisão do Tribunal Supremo no caso Suzana Inglês, à interveção
da União Nacional de Libertação Total de Angola (Unita).
Se
a tal decisão, a que eu chamei numa caricatura desenhada por mim de “tchuna
ataque” à Suzana Inglês, deveu-se somente à intervenção da Unita, como explicar
as duas manifestações sangrentas, para além das outras, onde os jovens foram
brutalmente atacados com barras de ferro por exigirem a saída de Suzana Inglês
na presidência da Comissão Nacional Eleitoral aos 10 de Março de 2012, tanto em
Luanda, como em Benguela?
A
verdadeira democratização de Angola apenas será possível se re-escrevermos a
nossa história contemporânea e recente com factos e verdades sem omissões,
medos ou favores de uma ou outra secção da Nação Angolana.
O
QUE DIZER DOS PONTOS DA MINHA ANáLISE ANTERIOR?
1 -
A Unita vai sair as ruas pacificamente;
-
CONCRETIZOU-SE.
2 -
A polícia vai proteger os militantes e amigos do Galo Negro como manda a lei;
-
CONCRETIZOU-SE.
3 -
O regime não vai utilizar as suas milícias para usarem picaretas e barras de
ferros e reprimirem, partirem as cabeças e os braços dos militantes,
simpatizantes e amigos da Unita;
-
CONCRETIZOU-SE.
4 -
Os líderes da Unita estarão presentes na manifestação tentando provar que
perderam o medo, que tanto os acusaram de ter, de manifestarem-se publicamente
contra o regime;
-
CONCRETIZOU-SE.
5 -
Muitos membros da Unita finalmente irão dar as caras e falar até demais;
-
CONCRETIZOU-SE: O emocionado e reaccionário Makuta Nkondo disse durante a
manifestação: “Não vou trair a Unita, nem o meu caro amigo Isaías Samakuva.
Estou e estarei sempre com a Unita”. Isto foi uma pura bajulação ou culto de
personalidade à Samakuva, impróprio para um evento que tinha outros objectivos
traçados... QUE A HISTóRIA O JULGUE.
6 -
A Unita vai enfatizar que é um partido forte, sem medo, que foi forjado por
décadas de guerras;
-
CONCRETIZOU-SE. Muitos membros da Unita, muito antes da manifestação
relembraram-me disso em críticas à minha análise. No decorrer da manifestação
de Sábado, o meu amigo Bernardo Van-Dúnem escreveu no meu mural no Facebook:
“Meu amigo Pedrowski Teca... temos muito pra falar... mas enquanto... vou só
mandar uma boca: NO TEMPO E NO ESPAçO A UNITA é FORTE”.
QUE
DIZER DAS “Possíveis lições” DA ANáLISE ANTERIOR:
1 -
O regime não reprimiu a manifestação da Unita, mas a garantiu de modo a dizer
que o Galo Negro deixou de ser uma ameaça para o MPLA;
-
CONCRETIZOU-SE;
2 –
“A manifestação do Galo Negro será igualzinho ao do Movimento Expontâneo”;
-
CONCRETIZOU-SE porque para uma manifestação que pretendia juntar milhões de
angolanos da Unita e não só, notou-se um verdadeiro culto de personalidade à
imagem constante do presidente da Unita em camisolas, chapéus, guarda-chuvas,
etc, que indireitamente vangloriavam, não a causa mas o líder do Galo Negro; As
roupas brancas inicialmente recomendadas para os manifestantes vestirem-se não
foram vistas.
3 –
“Os jovens manifestantes, que até agora sofrem na carne o bastão do regime, são
mais perigosos e significantes para a democratização de Angola, do que o maior
partido da oposição angolana”;
-
VERDADE porque foram eles que, após inúmeras manifestações sangrentas, abriram
o caminho para o sucesso da manifestação de Sábado; E acredito que não tarda
por se esperar, o regime ainda vai se assustar, como não fez com a Unita, na
próxima manifestação dos jovens apartidários;
4 –
“Caso a polícia e as milícias tolerarem e protegerem a manifestação da Unita, o
que não acontece com as manifestações dos jovens revolucionários, possivelmente
poderá denotar uma harmonia e co-existência entre a Unita e o regime”;
-
VERDADE OU MENTIRA?
5 –
“A Unita será tida como parte dos poucos que têm o direito de se manifestarem
livremente em Angola, ao contrário da juventude revolucionária que são
excessivamente reprimidas e brutalmente agredidas”;
-
CONCRETIZOU-SE;
6 –
“Muitos dirão que comprovou-se os “mujimbos” de que o cidadão Isaías N’gola
Samakuva foi realmente comprado e que está bem no fundo bolso do regime”;
-
POR CONCRETIZAR-SE;
7 –
“Finalmente, o regime gabar-se-á, principalmente nas vozes dos Josés Ribeiros,
que realmente há democracia em Angola e que o direito as reuniões e
manifestações são consagradas ou garantidas e respeitadas no país do pai
banana”.
-
POR CONCRETIZAR-SE;
Em
gesto de conclusão, mais uma ver parabenizo a Unita neste cumprimento de um
direito cívico consagrado na Constituição atípica da República de Angola, mas
que neste caso foi uma actividade que aumentou muitos pontos políticos na Unita
dentre a maioria politicamente inocente e subtraiu muitos pontos por parte de
pessoas atentas que procuram de forma democrática e transparente ajudar Angola
a concretizar-se numa verdadeira democracia.
“Depois
de ver esta manifestação, só concluo que a guerra só está mesmo na cabeça do
MPLA”; “Epah! Também viva a Unita,” – Pensamentos de Marcos Cipriano Nunda
durante a manifestação da Unita.
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