O
activista angolano Rafael Marques depôs nesta quarta-feira num “processo de
averiguação preventiva” relacionado com “branqueamento de capitais”, envolvendo
“vários dirigentes angolanos”, que decorre no Departamento Central de
Investigação e Acção Penal (DCIAP), disse o próprio à Lusa.
Rafael
Marques informou que depôs, como testemunha, em Lisboa, no “processo de
averiguação preventiva n.º 85/11-PG”, interposto por “um cidadão angolano
residente em Portugal”, que pediu para não identificar.
Este
cidadão apresentou queixa contra “uma longa lista”, que inclui “membros da
família presidencial” angolana, entre os quais Welwitschea José dos Santos
(conhecida como “Tchizé” dos Santos), uma das filhas de José Eduardo dos
Santos, Presidente da República angolano, disse Rafael Marques.
De
acordo com Rafael Marques, os visados são ainda “vários dirigentes angolanos”,
entre os quais Manuel Vicente, presidente do conselho de administração da
petrolífera Sonangol E.P., e Hélder Manuel Vieira Dias Júnior, general
conhecido como “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa Militar do
Presidente da República.
A
queixa visa cerca de 20 cidadãos angolanos com “investimentos e propriedades em
Portugal”, acusando-os de “branqueamento de capitais”, acrescentou Rafael
Marques, que diz ter sido chamado a depor como testemunha neste “processo de
averiguação preventiva” pelo que tem investigado sobre “a corrupção em Angola”.
“Fui
prestar declarações. Acho importante que haja preocupação das autoridades
judiciais portuguesas em apurar os factos sobre investimentos angolanos em
Portugal”, declarou à Lusa, em Lisboa.
Em
menos de dois meses, o activista angolano apresentou, na Procuradoria-Geral da
República de Angola, duas queixas-crime contra altos quadros angolanos,
incluindo “Kopelipa” e outros generais, e o presidente da Sonangol.
“Inundaremos
a Procuradoria-Geral da República de queixas. (...) É uma questão de princípio.
Todos os dias os dirigentes angolanos saqueiam este país. Então, todos os dias
deve haver queixas (...), até que haja mudanças”, sustentou, em declarações à
Lusa prestadas a propósito da apresentação da segunda queixa, no passado dia
06.
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