O
advogado angolano de direitos humanos e líder do Partido Popular (PP) revelou
que foi alvo de ameaças de morte e advertido da intenção de rapto da sua filha.
“Apresentei
queixa à polícia na semana passada por duas ameaças”, disse David Mendes numa
entrevista à Voz da América.
Acrescentou
que as ameaças resultam do facto de continuar a “resistir a negociar o
silêncio”, sobre os processos judiciais que apresentou contra o Presidente José
Eduardo dos Santos.
David
Mendes explicou que anteriormente fora alvo de ameaças e violência patrimonial,
como a destruição do seu carro e o assalto à sua casa por homens armados, mas
que agora as ameaças são contra a sua integridade física e a dos seus
familiares.
Face
às ameaças de que foi alvo, David Mendes confessa: “Não me sinto seguro mas
também não vou recuar; não posso voltar atrás”. Reconheceu que as várias
organizações de direitos humanos angolanas e internacionais, “têm feito tudo
para que nada aconteça”, nomeadamente publicitando as ameaças e actos de
intimidação de que é alvo e mantendo “observação e pressão” sobre o regime.
A
Comissão Africana dos Direitos Humanos, recebeu pelo menos uma participação da
Universidade de Pretória sobre o caso e tenciona enviar uma delegação a Angola.
David
Mendes criticou o secretário de estado angolano para os Direitos Humanos,
António Bento Bembe, por ter afirmado, recentemente, no Huambo, que houve
melhorias na situação angolana: “Não sei como Bento Bembe diz que houve
melhorias nos direitos humanos. Ele foi ao Huambo, onde as prisões são pocilgas
onde se deitam seres humanos”, disse.
Acusou
o MPLA de “assumir a intolerância política” notando que “não há liberdade de
expressão. Não sei que barómetro usou”
Bento Bembe para falar em melhorias, notando ser difícil fazê-lo quando a
“pobreza extrema é pior que no período colonial”.
Diz
que a falta de liberdade se estende às actividades dos partidos da oposição em
tempo eleitoral, e que a “fraude começa
na impossibilidade de os partidos acederam ao interior” do país onde há “uma
campanha de hostilização e intimidação dos partidos políticos”.
Afirma
ainda que os angolanos estão fartos do regime e que o mesmo vai acabar.
“Há-de
haver mudança, ou na rua ou nas urnas”, concluiu David Mendes
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