Luanda
- Desde domingo último que está desaparecido Álvaro da Silva Kamulingue.
Trata-se dum dos coordenadores duma Associação denominada Movimento Patriótico
Unido que no passado dia 27 (domingo) anunciou sair a rua, para entre outras
causas exprimir descontentamentos pela situação social e reclamar direitos de
desmobilização, devidos pelo governo.
O
desaparecido ter-se-ia refugiado no hotel Skyna
Kamulingue,
segundo relataram companheiros, terá sido raptado por homens á civil nas
imediações do largo Sagrada Família, depois que foi dispersada do largo do BNA
e imediações do Baleizão, na baixa de Luanda pelas forças policiais e
para-militares a concentração de manifestantes.
O
desaparecido ter-se-ia refugiado no hotel Skyna, de onde ainda foi capaz de
falar aos outros por telefone.
Enquanto
permaneceu na unidade hoteleira, contactamo-lo por telefone, local de onde
descreveu as circunstâncias do cerco a que se via sujeito. Segundo Isaías
Kassule, um outro responsável do movimento por nós abordado nesta terça-feira,
o telefone ficou desligado pouco depois dele ter cruzado a zona do largo da
Sagrada Família.
“Já
recorremos a polícia na baixa de Luanda, dirigimo-nos depois ao comando
provincial. Tudo que nos disseram é que não há rastos do nosso companheiro o
que nos deixa preocupados”.
Se
até quinta-feira não for liberto o nosso companheiro, vamos convocar novas
manifestações, disse.
No
que pode ser interpretado como tentativa de enfraquecimento do movimento, os
antigos militares da UGP, unidade de guarda presidencial, que se declararam
tomarem parte da pretendida manifestação no palácio presidencial, foram
convocados para um encontro na quinta-feira com os responsáveis da
Casa-Militar, supostamente realizado no estádio 11 de Novembro.
Segundo
relatos dos participantes, um dos pontos de acordo foi que os ex-militares
provassem através de documentos, terem pertencido aquela unidade militar,
condição de usufruto dos direitos a que têm reclamado.
Nos
últimos tempos, Luanda ficou tomada pela paranóia de repressão contra quem se
quer manifestar e não raras vezes a cobertura mediática custa socos dos
“kaenches”que integram forças paralelas de segurança!
No
domingo 27, era visível a presença de efectivos uniformizados da polícia, em
pontos como o conhecido largo Serpa Pinto e a praça da Independência.
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