O
médico brasileiro Evandro Lucena será, provavelmente, o funcionário mais bem pago
do Ministério da Saúde e quiçá do governo angolano. O especialista em
cardio-cirurgia, colocado no Hospital Josina Machel em Luanda, aufere US $40
mil mensais, segundo apurou o Maka Angola. O salário do expatriado é 12 vezes
superior ao do seu colega angolano com a mesma especialidade e do director do
hospital, Alberto Paca, que ganham pouco mais do que o equivalente a US $3 mil
por mês.
A
escassez de especialistas na área não deve justificar a discrepância de
salários entre o que aufere o angolano, formado no exterior do país, e o
cidadão brasileiro. Mais grave ainda é a existência de médicos, formados também
no exterior, com bolsas de estudo pagas pelo governo e que actualmente se
encontram no desemprego. Como
ilustração, três especialistas em cardio-cirurgia, formados recentemente no
Brasil, às expensas dos Serviços de Saúde Militar (SAMM), regressaram ao país e
estão em casa, à espera de colocação.
No
Hospital Militar, para onde se dirigiram, para colocação, por terem sido
bolseiros do exército, receberam um estranho conselho. O director clínico da
unidade, o general António Carvalho, sugeriu-lhes que procurassem emprego em
outras unidades hospitalares. Segundo o general, afirmam as fontes, a
cardio-cirurgia não é prioridade naquele hospital. “Há mais gente a morrer de
paludismo do que de problemas do coração”, sentenciou o director clínico que,
curiosamente, sofreu uma cirurgia ao coração, no exterior do país. Enquanto
prestam serviços de subsistência, em clínicas privadas, os referidos médicos
estão apenas obrigados a apresentarem-se à unidade militar uma vez por semana.
O investimento público feito para a formação dos quadros não só é desperdiçado
como mais fundos públicos estão a ser drenados para pagar um médico
estrangeiro, quando bem poderia servir para empregar os especialistas angolanos
no Hospital Josina Machel.
Para
além do principesco salário auferido por Evandro Lucena, o médico brasileiro
também é candongueiro. É ele quem fornece ao Hospital Josina Machel todo o
material atinente à sua especialidade (instrumentos, linhas de sutura, meios
informáticos), o que viola gravemente os preceitos da lei e levanta sérios
problemas de ordem ética.
Fonte:http://makaangola.org/
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