Vieira
Lopes acaba de regressar a Luanda, após receber cuidados médicos no
estrangeiro, tornados necessários pelas agressões de que foi alvo, durante a
manifestação de 10 de Março, na capital angolana.
Club-K
Filomeno
Vieira Lopes depois de receber tratamento inicial a ferimentos recebidos
durante manifestação de 10 de Março.
Na
semana passada, o activista e antigo vigário-geral de Cabinda, Raúl Tati, disse
que a hierarquia da Igreja Católica está a ser usada pelo governo de Angola
como "instrumento de dominação em vez de instrumento de libertação".
Respondendo
aos ouvintes da Voz da América, no programa Angola Fala Só, Raul Tati disse,
ainda, que desde a chegada do novo bispo de Cabinda, a igreja "vai ao
encontro dos intentos do regime".
Raul
Tati, durante anos vigário-geral da diocese de Cabinda, foi afastado em Abril
de 2011 do exercício dos sacramentos, assim como outro sacerdote cabindês,
Casimiro Congo. Esse afastamento foi o corolário de um período de tensão com a
hierarquia religiosa iniciado em 2005, quando D. Filomeno Vieira Dias sucedeu a
D. Paulino Madeca como Bispo de Cabinda.
Tati
disse que se considera uma "vítima da crise na igreja de Cabinda".
"Sempre
defendi uma igreja profética, uma igreja dos oprimidos, uma igreja dos
abandonados, uma igreja dos marginalizados, uma igreja dos pobres, uma teologia
que fosse ao encontro dos homens oprimidos, não uma teologia que fosse ao
encontro dos poderosos, uma teologia feita do chão da vida, não uma teologia
feita a partir dos palácios", declarou Tati.
Sustenta
que, "infelizmente, há novos rumos na igreja de Cabinda" e que
"com a mudança do novo bispo nós constatanos que já não é aquela igreja
que nós tivemos há tempos, e isto vai exactamente ao encontro dos intentos do
regime que sempre procurou silenciar os profetas desta terra. E está a
consegui-lo fazendo da igreja um instrumento da dominação e não um instrumento
de libertação", afirmou Raul Tati, salientando que falava da hierarquia da
Igreja Católica em Angola e na Santa Sé, mas não dos leigos e dos fiéis.
Tati,
tal como fez em 2008, volta a encorajar os angolanos a não votarem nas eleições
deste ano, frisando que esse exercício é reservado aos homens livres.
"Quem não é livre não pode exercer" o direito de voto, disse,
esclarecendo que Cabinda é uma colónia de Angola.
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