quinta-feira, 26 de abril de 2012

O secretário-geral do Bloco Democrático, Filomerno Vieira Lopes, é o convidado especial no programa Angola Fala Só, da Voz da América, nesta sexta-feira, 27 de Abril.


Vieira Lopes acaba de regressar a Luanda, após receber cuidados médicos no estrangeiro, tornados necessários pelas agressões de que foi alvo, durante a manifestação de 10 de Março, na capital angolana.

Club-K
Filomeno Vieira Lopes depois de receber tratamento inicial a ferimentos recebidos durante manifestação de 10 de Março.

Na semana passada, o activista e antigo vigário-geral de Cabinda, Raúl Tati, disse que a hierarquia da Igreja Católica está a ser usada pelo governo de Angola como "instrumento de dominação em vez de instrumento de libertação".

Respondendo aos ouvintes da Voz da América, no programa Angola Fala Só, Raul Tati disse, ainda, que desde a chegada do novo bispo de Cabinda, a igreja "vai ao encontro dos intentos do regime".

Raul Tati, durante anos vigário-geral da diocese de Cabinda, foi afastado em Abril de 2011 do exercício dos sacramentos, assim como outro sacerdote cabindês, Casimiro Congo. Esse afastamento foi o corolário de um período de tensão com a hierarquia religiosa iniciado em 2005, quando D. Filomeno Vieira Dias sucedeu a D. Paulino Madeca como Bispo de Cabinda.

Tati disse que se considera uma "vítima da crise na igreja de Cabinda".
"Sempre defendi uma igreja profética, uma igreja dos oprimidos, uma igreja dos abandonados, uma igreja dos marginalizados, uma igreja dos pobres, uma teologia que fosse ao encontro dos homens oprimidos, não uma teologia que fosse ao encontro dos poderosos, uma teologia feita do chão da vida, não uma teologia feita a partir dos palácios", declarou Tati.

Sustenta que, "infelizmente, há novos rumos na igreja de Cabinda" e que "com a mudança do novo bispo nós constatanos que já não é aquela igreja que nós tivemos há tempos, e isto vai exactamente ao encontro dos intentos do regime que sempre procurou silenciar os profetas desta terra. E está a consegui-lo fazendo da igreja um instrumento da dominação e não um instrumento de libertação", afirmou Raul Tati, salientando que falava da hierarquia da Igreja Católica em Angola e na Santa Sé, mas não dos leigos e dos fiéis.

Tati, tal como fez em 2008, volta a encorajar os angolanos a não votarem nas eleições deste ano, frisando que esse exercício é reservado aos homens livres. "Quem não é livre não pode exercer" o direito de voto, disse, esclarecendo que Cabinda é uma colónia de Angola.

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