A Amnistia Internacional manifestou a sua preocupação em relação à aparente
indisponibilidade de Angola para cooperar com organismos e organizações
internacionais de direitos humanos, incluindo a Comissão Africana, na promoção
dos direitos humanos no país.
Por António Capalandanda no Huambo.
Angola não coopera com organismos de direitos humanos
A Amnistia Internacional manifestou a sua preocupação em relação à aparente
indisponibilidade de Angola para cooperar com organismos e organizações
internacionais de direitos humanos, incluindo a Comissão Africana, na promoção
dos direitos humanos no país.
Contrariando as disposições do artigo 62º da Carta, Angola não apresenta os
seus relatórios periódicos à Comissão desde 1998 e não tem acatado as decisões
desta sobre o país.
O relatório surge numa altura em que o secretário de Estado para os
Direitos Humanos em Angola, António Bento Bembe, reconheceu no Huambo, a falta
de políticas orientadas para os direitos humanos no país.
No documento, submetido à Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos, a organização não-governamental lembra que, no preâmbulo à Carta
Africana, os Estados membros reafirmam o seu compromisso de "coordenar e
de intensificar a sua cooperação e os seus esforços para oferecer melhores
condições de existência aos povos de África, de favorecer a cooperação
internacional tendo na devida atenção a Carta das Nações Unidas e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos".
O documento, a que a Voz da América teve acesso, refere que Angola
mostrou-se também pouco disposta a cooperar com organismos das Nações Unidas.
Cita o facto de as autoridades angolanas terem encerrado, em Maio de 2008, o
Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Angola, apesar de se
terem comprometido, um ano antes, a colaborar mais de perto com este organismo.
Nota, ainda, que Angola não enviou um convite ao Relator Especial da ONU
sobre o Direito à Habitação (como devia ter feito no âmbito do direito a um
nível de vida suficiente).
Na verdade, durante a Revisão Periódica Universal, o país rejeitou uma
recomendação no sentido de endereçar um convite permanente a todos os peritos
independentes de direitos humanos da ONU.
Alega que o governo angolano tem impedido a Amnistia Internacional e várias
outras organizações cívicas de entrarem em Angola para investigarem casos
violação dos direitos humanos.
De acordo com a mesma fonte, embora o país tenha dado passos positivos no
sentido de promover os direitos humanos e do aparente compromisso de Angola
relativamente a estes direitos, a Amnistia Internacional está inquietada pelo
facto de Angola não ter cumprido as suas obrigações de direitos humanos nos
termos da Carta Africana ao praticar e permitir violações dos direitos humanos
dentro do seu território.
A Amnistia criticou o governo angolano por não ter ratificado o tratado
internacional contra a tortura e afirma que algumas disposições da legislação
nacional relativas à Polícia são contrárias ao direito internacional de
direitos humanos e poderão encorajar o recurso à tortura e a outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos e degradantes.
O documento denuncia graves violações dos direitos a liberdade de expressão
e informação, reunião e manifestações, os direitos económicos, sociais e
culturais, incluindo o direito à propriedade, ao melhor estado de saúde física
e mental possível de atingir e à protecção da família. Recomenda às autoridades
angolanas o fim das prisões politicamente motivadas.
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