Continua o drama da família de Alves Kamulingue e dos outros desaparecidos
que tentaram organizar uma manifestação, domingo passado, em Luanda Pretendiam
chegar ao palácio presidencial, segundo anunciavam. Mas a marcha teve de ser
abortada. Os organizadores foram levados para local incerto. Os familiares
sabem tanto quanto nós.
Raptado
pelas milícias do regime
O
primo de Alves Kamulingue, raptado no domingo, lembra-se apenas das últimas
palavras do parente, que ouviu através do telefone, talvez pouco antes de ser
desligado.
"Ele
reportou-me que estava num local muito apertado e que corria perigo",
disse o familiar à Voz da América (VOA)
Dona
Elisa Rodrigues é a esposa, mãe de dois filhos. Contou à nossa reportagem que
“a primeira filha já é grande. Só temos lhe dito que o pai viajou. Mas sempre
está com aquela mente triste."
Das
autoridades policiais ouvimos quinta-feira um dos responsáveis duma esquadra no
Cacuaco, onde residem os desaparecidos.
O
Superintendente da polícia Clemente Pontes é um dos comandantes no Cazenga,
onde desapareceu Isaías Cassule e um terceiro elemento cujo nome não
conseguimos apurar. O responsável recomenda que os familiares levem o caso as
unidades da corporação.
Interrogado
sobre se tinha conhecimento da existência de grupos que à civil atormentam
manifestantes, respondeu que não, e que a polícia não recebera a notificação de
se se realizaria uma manifestação.
“Sabemos
quando há dessas manifestações a polícia com antecedência é notificada, para
proteger a manifestação”, declarou Pontes, sublinhando que desconhecia a
manifestação de domingo. Até porque, acrescentou, "eu estava adoentado e
comecei a trabalhar apenas na terça-feira".
Sérgio
Kalundungo, observador da política em Angola, sublinha a contradição entre este
episódio e o apelo, esta semana, do presidente da República para a criação dum
bom ambiente para as eleições. E olha com preocupação o facto de, a três meses
do pleito, cenas destas estarem a ocorrer.
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