sexta-feira, 1 de junho de 2012

Eduardo dos Santos quer fazer desaparecer partidos políticos.


Os partidos que concorrem às eleições gerais angolanas de 31 de agosto vão receber 96 000 dólares em dinheiros públicos para financiar a campanha. A oposição acusa: a escassez da verba é programa político do MPLA.

O decreto-lei exarado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, prevê que a soma equivalente a 96 000 dólares seja atribuída a todos os partidos e coligações de formações políticas aprovados como concorrentes pelo Tribunal Constitucional. Para a oposição, trata-se de uma verba irrisória, destinada a impossibilitar à oposição uma campanha eleitoral que mereça o nome.

O membro do conselho nacional e secretário provincial do Partido Bloco Democrático em Benguela, Francisco Viena, foi mais longe, acusando o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, de pretender fazer desaparecer os partidos políticos. Viena avançou mesmo que 96 mil dólares é o montante que os filhos do Presidente angolano gastam em apenas um dia. E acrescentou que a verba em causa “é uma demonstração clara de que o MPLA Não está em condições de investir no processo democrático” de Angola. Para Viena, é evidente que o MPLA pretende fazer desaparecer a oposição política para “manter o país num regime de partido único”.


Em 2008, a verba foi de 1,2 milhões de dólares


Por seu lado, o secretário provincial em Benguela da União para a Independência Total de (UNITA), Alberto Ngalanela, considera que o valor em causa poderá inviabilizar o espaço de manobras dos adversários do partido no poder e do regime de José Eduardo dos Santos. O político do maior partido na oposição diz ser incompreensível a atitude do Presidente angolano tendo em conta que em 2008 os partidos políticos receberam mais de um milhão e duzentos mil dólares para as suas campanhas eleitorais. Chamando à decisão de Luanda “uma brincadeira”, Ngalanela acrescenta: “Vê-se logo que o MPLA quer condicionar as eleições” através do financiamento dos partidos políticos”.

Quanto ao analista político, Viriato Nelson, esta decisão é expressão de falta de justiça por parte de Eduardo dos Santos, já que o valor fixado não chega sequer para custear os esforços mais básicos dos partidos políticos na tentativa de passarem a sua mensagem ao eleitor. Esta decisão, considera, “tem um caráter discriminatório”. Para aquilo que é “a realidade do país”, afirma o analista, o “valor é irrisório”.

O partido no Governo, Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), recusa-se a comentar. Enquanto começam a surgir rumores de que terá havido um lapso por parte do presidente angolano na fixação dos valores.

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