Os partidos que concorrem às eleições gerais angolanas de 31 de agosto vão
receber 96 000 dólares em dinheiros públicos para financiar a campanha. A
oposição acusa: a escassez da verba é programa político do MPLA.
O
decreto-lei exarado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, prevê
que a soma equivalente a 96 000 dólares seja atribuída a todos os partidos e
coligações de formações políticas aprovados como concorrentes pelo Tribunal
Constitucional. Para a oposição, trata-se de uma verba irrisória, destinada a
impossibilitar à oposição uma campanha eleitoral que mereça o nome.
O
membro do conselho nacional e secretário provincial do Partido Bloco Democrático
em Benguela, Francisco Viena, foi mais longe, acusando o Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, de pretender fazer desaparecer os partidos
políticos. Viena avançou mesmo que 96 mil dólares é o montante que os filhos do
Presidente angolano gastam em apenas um dia. E acrescentou que a verba em causa
“é uma demonstração clara de que o MPLA Não está em condições de investir no
processo democrático” de Angola. Para Viena, é evidente que o MPLA pretende
fazer desaparecer a oposição política para “manter o país num regime de partido
único”.
Em
2008, a verba foi de 1,2 milhões de dólares
Por
seu lado, o secretário provincial em Benguela da União para a Independência
Total de (UNITA), Alberto Ngalanela, considera que o valor em causa poderá
inviabilizar o espaço de manobras dos adversários do partido no poder e do
regime de José Eduardo dos Santos. O político do maior partido na oposição diz
ser incompreensível a atitude do Presidente angolano tendo em conta que em 2008
os partidos políticos receberam mais de um milhão e duzentos mil dólares para
as suas campanhas eleitorais. Chamando à decisão de Luanda “uma brincadeira”,
Ngalanela acrescenta: “Vê-se logo que o MPLA quer condicionar as eleições”
através do financiamento dos partidos políticos”.
Quanto
ao analista político, Viriato Nelson, esta decisão é expressão de falta de
justiça por parte de Eduardo dos Santos, já que o valor fixado não chega sequer
para custear os esforços mais básicos dos partidos políticos na tentativa de
passarem a sua mensagem ao eleitor. Esta decisão, considera, “tem um caráter
discriminatório”. Para aquilo que é “a realidade do país”, afirma o analista, o
“valor é irrisório”.
O
partido no Governo, Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), recusa-se a
comentar. Enquanto começam a surgir rumores de que terá havido um lapso por
parte do presidente angolano na fixação dos valores.
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