Defensor de um ambiente de paz, o Bloco Democrático adverte que o problema
dos ex-militares sem subsídios, na base da ‘manif’ que sacudiu a capital do
país, é bicudo demais para um PR ‘indiferente’
Enquanto
se procedia ao balanço da manifestação do passado dia 20, quarta-feira, em
Luanda, o secretário do Bloco Democrático na província de Benguela, Dr.
Francisco Viena, criticava a passividade do Presidente José Eduardo dos Santos
perante uma onda de reivindicação que, no fundo, teve início quando se soube
que Angola apoiou com 25 milhões de dólares a reforma militar na Guiné-Bissau,
relegando para segundo plano milhares de desmobilizados com a reintegração
social adiada.
Numa
conferência de imprensa sobre o ambiente político do momento, que passou em
revista a candidatura do BD às eleições legislativas, começou por sublinhar que
as acusações das FAA, segundo as quais alguns políticos estariam a incitar tais
movimentos, visam distrair o povo angolano, com realce para os eleitores. ‘A
manifestação é um direito previsto na Constituição, pode ser accionado sempre
que as pessoas acharem que está a ser violado’, frisou o académico.
Esclarecido
o ponto prévio, Francisco Viena recordou que há cinco ou seis meses já o Bloco
Democrático alertava para o que se está a passar agora, num momento bastante
sensível. ‘Sendo certo que os antigos militares são factores de estabilidade,
facilmente se percebe que o país pode vir a ter perturbações políticas, um
cenário mau para quem organiza eleições’, acrescenta o jurista, que diz estar a
ver um PR, igualmente Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, alheio
a um problema bastante bicudo.
De
acordo com o secretário provincial do BD, o Governo angolano deve, agora mais
do que nunca, solucionar as exigências de homens que, embora já não no activo,
são bem diferentes dos civis que são espancados pelos ‘kaenches’. ‘Eles são,
como disse, factores de estabilidade’, lembrou Francisco Viena, pouco antes de
ter questionado o trabalho feito por militares guineenses em prol de Angola.
‘Não fizeram nada, absolutamente nada por Angola’, resumiu. O político acha que
os subsídios para os filhos da terra são prioridade, passando a ‘Tchetchénia’
ou outro país que se julgue conveniente para a segunda opção. ‘É, portanto, um
passivo à espera de resposta, na medida em que todos nós, em particular o Bloco
Democrático, queremos a paz e eleições sem perturbações’, concluiu o número 4
da lista de candidatos pelo círculo nacional.
‘’Político
sério usa linguagem urbana’’
Sem
ter enfiado a carapuça, mas nem por isso alheio ao adjectivo que Armando da
Cruz tem utilizado para despertar os que não vêem as acções do Governo do MPLA,
Francisco Viena começa por salientar que ‘o general não reúne requisitos para
ser governador de Benguela’. Caso contrário, refere o ‘bloquista’, não trataria
os políticos de ‘burros’, criando uma tremenda confusão.

Já
o secretário provincial da UNITA, Eng. Alberto Ngalanela, que também não enfiou
a carapuça, limitou-se a aconselhar o governador a optar por uma linguagem
urbana, sem insultos, ainda que tenha de contrariar a visão de um adversário
político. ‘É o que faz um dirigente sério, deve estar comprometido com uma
linguagem urbana’, salientou.
Fonte:
Jornal Angolense
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