sábado, 30 de junho de 2012

BD adverte que o problema dos ex-militares é bicudo demais para um PR “indeferente”


Defensor de um ambiente de paz, o Bloco Democrático adverte que o problema dos ex-militares sem subsídios, na base da ‘manif’ que sacudiu a capital do país, é bicudo demais para um PR ‘indiferente’

Enquanto se procedia ao balanço da manifestação do passado dia 20, quarta-feira, em Luanda, o secretário do Bloco Democrático na província de Benguela, Dr. Francisco Viena, criticava a passividade do Presidente José Eduardo dos Santos perante uma onda de reivindicação que, no fundo, teve início quando se soube que Angola apoiou com 25 milhões de dólares a reforma militar na Guiné-Bissau, relegando para segundo plano milhares de desmobilizados com a reintegração social adiada.

Numa conferência de imprensa sobre o ambiente político do momento, que passou em revista a candidatura do BD às eleições legislativas, começou por sublinhar que as acusações das FAA, segundo as quais alguns políticos estariam a incitar tais movimentos, visam distrair o povo angolano, com realce para os eleitores. ‘A manifestação é um direito previsto na Constituição, pode ser accionado sempre que as pessoas acharem que está a ser violado’, frisou o académico.

Esclarecido o ponto prévio, Francisco Viena recordou que há cinco ou seis meses já o Bloco Democrático alertava para o que se está a passar agora, num momento bastante sensível. ‘Sendo certo que os antigos militares são factores de estabilidade, facilmente se percebe que o país pode vir a ter perturbações políticas, um cenário mau para quem organiza eleições’, acrescenta o jurista, que diz estar a ver um PR, igualmente Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, alheio a um problema bastante bicudo.

De acordo com o secretário provincial do BD, o Governo angolano deve, agora mais do que nunca, solucionar as exigências de homens que, embora já não no activo, são bem diferentes dos civis que são espancados pelos ‘kaenches’. ‘Eles são, como disse, factores de estabilidade’, lembrou Francisco Viena, pouco antes de ter questionado o trabalho feito por militares guineenses em prol de Angola. ‘Não fizeram nada, absolutamente nada por Angola’, resumiu. O político acha que os subsídios para os filhos da terra são prioridade, passando a ‘Tchetchénia’ ou outro país que se julgue conveniente para a segunda opção. ‘É, portanto, um passivo à espera de resposta, na medida em que todos nós, em particular o Bloco Democrático, queremos a paz e eleições sem perturbações’, concluiu o número 4 da lista de candidatos pelo círculo nacional.

‘’Político sério usa linguagem urbana’’

 Sem ter enfiado a carapuça, mas nem por isso alheio ao adjectivo que Armando da Cruz tem utilizado para despertar os que não vêem as acções do Governo do MPLA, Francisco Viena começa por salientar que ‘o general não reúne requisitos para ser governador de Benguela’. Caso contrário, refere o ‘bloquista’, não trataria os políticos de ‘burros’, criando uma tremenda confusão.

Francisco Viena diz não acreditar que existam ‘burros’ capazes de criticar, razão pela qual adverte que não se deve aceitar este tipo de expressões. ‘Só aceita quem é domesticado pelo senhor governador, o que não acontece connosco. Acho, portanto, que o melhor é olhar para as greves no Governo de Benguela e para os baixos salários’, atirou.

Já o secretário provincial da UNITA, Eng. Alberto Ngalanela, que também não enfiou a carapuça, limitou-se a aconselhar o governador a optar por uma linguagem urbana, sem insultos, ainda que tenha de contrariar a visão de um adversário político. ‘É o que faz um dirigente sério, deve estar comprometido com uma linguagem urbana’, salientou.

Fonte: Jornal Angolense

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